sexta-feira, 4 de junho de 2010

Gaza haiku



Não
Sejais
Tímidos
Chamai
Gaza
Gueto







"Village Ghetto Land"

(Stevie Wonder)


Would you like to go with me

Down my dead end street

Would you like to come with me

To Village Ghetto Land



See the people lock their doors

While robbers laugh and steal

Beggars watch and eat their meal -from garbage cans



Broken glass is everywhere

It's a bloody scene

Killing plagues the citizens

Unless they own police



Children play with rusted cars

Sores cover their hands

Politicians laugh and drink-drunk to all demands



Families buying dog food now

Starvation roams the streets

Babies die before they're born

Infected by the grief



Now some folks say that we should be

Glad for what we have

Tell me would you be happy in Village Ghetto Land



Village Ghetto Land

--
Imagem: Marcelo Rampazzo

Bullshit: Petroleum

O derramamento de óleo no Golfo do México põe o mundo em alerta. "Primeiro mundo" incluído.


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Petróleo: recurso natural não renovável – (1) característica contestada por alguns –, motor do mundo contemporâneo, quase desde a época da revolução industrial, mas principalmente depois de 1940, aproximadamente. O petróleo move a indústria, os veículos a explosão (carros, ônibus, locomotivas, tratores, navios, aviões) e é usado em usinas termelétricas a diesel para produzir energia elétrica. As usinas termelétricas a diesel são bem conhecidas no Brasil: são aquelas ativadas quando, por uma dessas fatalidades, um parafuso cai da torre de uma rede de transmissão de alta tensão, ou uma ventania derruba uma dessas torres num ponto estratégica e convenientemente difícil de acessar, levando todo o País (e o Paraguai junto) ao apagão.

Voltando ao assunto. O Petróleo é tão importante que uma das regiões onde é produzido em mais larga escala, o Oriente Médio, que no ano 2000 contava com apenas 2,9% da população mundial, é motivo das maiores preocupações "estratégicas" das potências de todo o mundo. Mas essa preocupação já vinha de antes. Toda a transformação dessa área – uma vez pertencente ao Império Otomano – em "países", em estados títeres, estados fantoches, repúblicas fundamentalistas, "reinos" ou simplesmente em "ilhas da fantasia" foi moldada a ferro, fogo e bombardeios pelas potências ocidentais (na cabeça: EUA, Inglaterra e França), mediante invasões, conchavos diplomáticos, guerras artificiais, intervenções salvacionistas etc. Para exemplificar, basta dizer que as famílias reais da área viviam uma frugal e modestíssima vida, em comparação com as cabeças coroadas européias, antes da descoberta e comercialização das "suas" gigantescas jazidas petrolíferas. Não vou citar os nomes das famílias reais, para evitar que fundamentalistas mandem me localizar e matar. Espero que isto seja o suficiente.

Bem, diante da evolução tecnológica, com a possibilidade da utilização de novos materiais e processos para produzir energia, inclusive para os veículos automotores, o uso do petróleo está com os seus dias, quero dizer, décadas, contados. Mas as forças mercadológicas não podem se adaptar, quero dizer, adaptar as suas contas bancárias, de uma hora para a outra a uma mudança de paradigma deste porte; portanto, o processo precisa ser levado paulatinamente. Afinal de contas, a mudança de uso de combustível fóssil para uma diversidade de outras fontes causará impactos econômicos, políticos e sociais. "É preciso" prever e dar curso a esses impactos, e as forças mercadológicas precisam se preparar com muita antecedência... para continuar controlando a situação, é claro. Vou exemplificar: a Alemanha vai produzir mais energia elétrica do que a usina de Belo Monte, quando esta estiver em sua capacidade máxima, simplesmente coletando energia solar. E isso que lá não é um lugar que se possa chamar de "ensolarado". Ou seja, sem impacto em áreas de milhões de hectares habitadas por centenas de milhares de pessoas e berço de inimaginável diversidade biológica e com um investimento de capitais públicos infinitamente menor. Junte os fatos: interesses de grupos no poder + interesses de grupos privados (empreiteiras) + (fundamentalmente) desinformação da opinião pública. Pronto: o “planejamento estratégico energético” de todo um país, de todo um continente, está alinhavado.

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"A ditadura em Mianmar (ex-Birmânia) é financiada com 450 milhões de dólares anuais, desde a década de 1990, pelas petrolíferas Chevron-Texaco (norte-americana) e TOTAL (francesa) e suas respectivas subsidiárias". Informação da Avaaz.

Enquanto isso...

A Petrobras descobre a maior reserva petrolífera prospectada nos últimos 50 anos, localizada no litoral brasileiro, em altíssimas profundidades abaixo do solo oceânico (na chamada camada pré-sal) – música dramática. Diz-que que, quando essas reservas estiverem em sua produção-pico, daqui a 20 anos, o Brasil poderá tranquilamente tornar-se membro da OPEP! Música ufanista. Uau!... Tomara que ainda valha algo ser membro da OPEP nessa época.

A Petrobras se diz (e é reconhecida como) a detentora da melhor tecnologia de prospecção e extração de petróleo em águas profundas do mundo, à frente de gigantes como PetroChina, Statoil e British Petroleum, entre outras. Ótimo. Resta saber qual é o nível de certeza que esta tecnologia de prospecção e extração de petróleo em águas profundas da Petrobras nos garante que não ocorrerá um acidente de proporções gigantescas como o que ocorreu no mês passado no Golfo do México, com liberação ininterrupta prevista, até o momento, de 80 milhões de barris de petróleo nas águas oceânicas. Mas, segundo o professor da UERJ e ambientalista David Zee, em entrevista à Rádio CBN em 1º de junho de 2010, alguns especialistas estimam que este acidente já liberou muito mais de 80 milhões de barris: em verdade, 150 milhões de barris de petróleo já vazaram para o mar. A mancha já está se aproximando das praias da Flórida. O acidente liberou nas águas, até agora, por baixo, o dobro dos 40 milhões de barris de petróleo derramados na costa do Alasca pelo naufrágio do petroleiro Exxon Valdez, na década de 1990, até então tido como (2) o maior de todos os tempos. O acidente foi causado pela British Petroleum, uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, com sede num país de primeiro mundo, aquele lugar onde fica a Harrods. Uma amiga me disse que uma vez estava na Harrods de Londres e na sessão de frutas pensou que estivesse na de decoração, porque as frutas pareciam artificiais, de tão perfeitas que eram; coisas de "primeiro mundo".

Voltando ao assunto...

O acidente poderia ter sido causado por qualquer outra companhia petrolífera, se estivesse aquela, e não a British Petroleum, realizando os trabalhos de extração do "ouro negro" que, nos EUA, suponho, também sejam concedidos por licitação. Ou seja, não é questão de simplesmente pôr em xeque e demonizar a companhia X ou a companhia Y. É questão de questionar a indústria de petróleo como um todo e saber dela quais são as garantias que nos dá de que, de um dia para o outro, de uma hora para outra, a vida marinha, as aves selvagens, a pesca (e a pesca de subsistência), assim como a indústria de turismo de toda uma região do planeta não serão apagadas do mapa por décadas, no mínimo. Há que se levar em conta que, no caso do Brasil, 85% da produção petrolífera é proveniente do solo oceânico.

plataforma P-36 da Petrobras afundando em 2001

Esta questão também deveria ser levada em conta no caso do recente debate sobre a legitimidade ou não do pagamento de royalties sobre o petróleo para os municípios produtores, na maioria litorâneos. Muito embora, diante da remota possibilidade de uma tragédia, mais importante do que receber royalties – para salvaguardar também a possibilidade de derramamentos –, seria ter 100% de garantia (e de certeza) de que não ocorrerão acidentes do mesmo tipo aqui na costa brasileira; no Rio de Janeiro, no Espírito Santo... Já pensou aquela maré negra mortal chegando em Copacabana, Cabo Frio, Marataízes... em Piúma?! Com a palavra, a Petrobras, o Congresso Nacional e a opinião pública.

(1) Alguns discordam de o petróleo ser considerado recurso não renovável e explicam suas teses. Algumas até dignas de investigação.

(2) O maior derramamento de petróleo da História ocorreu durante a Guerra do Golfo. 2,3 BILHÕES de barris de petróleo!! O ambientalista e professor da UERJ David Zee disse isso na entrevista, mas, não sei por quê, a âncora da CBN não deixou que ele completasse o pensamento e mudou rapidamente de assunto, para "a responsabilidade das empresas etc.". Por que será que ela mudou de assunto?? Afinal, foram 2,3 BILHÕES de barris de óleo jogados no meio ambiente por causa do complexo industrial-militar!! Há dias que eu não durmo direito tentando entender por quê a jornalista mudou de assunto; vocês acham que me preocupo excessivamente com detalhes?

Charge: Rob Maia

Imagem plataforma P-36: Photographs taken by Captain Tor-Andre Remøy of the Far Sailor

Desenho: Da Série "Ovo Frito Didático", de  Angelo Polveroso

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dois pesos e duas medidas

Repúdio Humanista ao criminoso ataque israelense (à Flotilha da Liberdade rumo a Gaza)
Guilhermo Sullings

O Partido Humanista Internacional manifesta o seu enérgico repúdio ao criminoso ataque perpetrado por forças especiais israelenses contra a "Frota da Liberdade", que levava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, provocando a morte de cerca de 20 pessoas e mais de 30 feridos entre os civis que tripulavam os barcos.

Pressenza Buenos Aires, 31/05 – Instamos a que toda a comunidade internacional, e as Nações Unidas em sua representação, se manifestem com determinação a respeito. Não são de maneira alguma suficientes os "pedidos de investigação de como se deram os acontecimentos", ou a "preocupação pelo uso desmedido da força", com a qual vários governos da Europa e os Estados Unidos pretenderam dar uma resposta diplomática a tal evento. Porque, muito além de como se tenha produzido o desenlace final do ataque, sem risco de retaliação, sobre civis, nada pode justificá-lo, como tampouco se pode justificar o bloqueio e a ocupação que estão na raiz deste feito criminoso. E tampouco pode-se falar de uso desmedido da força, dando a entender que poderia existir um uso dosado ou razoável da força, no marco desta situação.

Israel vem descumprindo sistematicamente as diversas resoluções das Nações Unidas, particularmente a resolução 1860, que o obriga a acabar com o desumano bloqueio a Faixa de Gaza e permitir a livre entrada de ajuda humanitária. Desta forma, não se pode pretender explicar este crime como um erro, ou como um excesso no cumprimento de controles que por si sós são totalmente ilegais e arbitrários, e fundamentalmente desumanos, levando em conta a situação extrema na qual vive a população palestina naquele lugar.

Os Humanistas já denunciamos, em seu devido momento, a última invasão, no ano de 2009, a Faixa de Gaza, reivindicando o direito que têm, tanto o povo judeu quanto o povo palestino, de poder ter o seu próprio teritório. Afirmamos que a existência das duas nações com seu próprio território soberano será a solução para acabar, tanto com os atropelos do exército israelense, como com os atos criminosos do terrorismo.

Nós, os Humanistas, também afirmamos em nossa recente Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência, que são prioridades o desarmamento nuclear, a redução do armamento convencional e a retirada das tropas dos territórios invadidos, para poder fazer avançar a paz no mundo. Porque deve-se acabar com a hipocrisia desta ordem internacional na qual há países que são obrigados a cumprir as resoluções das Nações Unidas, e há potências militares que, ao parecer, têm o direito de ignorar as mesmas.

Guillermo Sullings
PARTIDO HUMANISTA INTERNACIONAL

Origem: Pressenza Agência de Notícias Internacional









Vídeo-documentário da viagem em um dos navios da Flotilha da Liberdade rumo a Gaza


Trecho de carta aberta da cineasta e ativista social brasileira Iara Lee, ativista brasileira tripulante da Flotilha da Liberdade

"O cerco à Faixa de Gaza pelo governo israelense tem origem em 2005, e vem sendo rigorosamente mantido desde a ofensiva militar israelense de 2008-09, que deixou mais de 1.400 mortos e 14.000 lares destruídos. Israel argumenta que suas ações militares intensificadas ocorreram em resposta ao disparo de foguetes ordenado pelo governo Hamas, cuja legitimidade não reconhece. Porém, segundo organizações internacionais de direitos humanos como Human Rights Watch, a reação militar israelense tem sido extremamente desproporcional.

O cerco não visa militantes palestinos, mas infringe as normas internacionais ao condenar todos pelas ações de alguns. Uma reportagem publicada por Amnesty International, Oxfam, Save the Children, e CARE relatou, “A crise humanitária [em Gaza] é resultado direto da contínua punição de homens, mulheres e crianças inocentes e é ilegal sob a lei internacional.”

Como resultado do cerco, civis em Gaza, inclusive crianças e outros inocentes que se encontram no meio do conflito, não têm água limpa para beber, já que as autoridades não podem consertar usinas de tratamento destruídas pelos israelenses. Ataques aéreos que danaram infraestruturas civis básicas, junto com a redução da importação, deixaram a população em Gaza sem comida e remédio que precisam para uma sobrevivência saudável."

Carta completa aqui.

Artigo relacionado:
A Lógica de Comprar Armamentos é Gastá-los / Contra a Ilusão Militarista
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