domingo, 24 de agosto de 2014

A triste espetacularização midiática da Saúde global

As campanhas humanitárias midiáticas exibicionistas pró Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a abordagem das crises sanitárias internacionais de Ebola (e gripes aviária e suína)  são marinadas na desinformação e na hipocrisia

Louvada seja a iniciativa que visa à arrecadação de recursos para a pesquisa privada da cura para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), descontado o exibicionismo midiático.

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Bem-vinda e mais eficaz seria uma campanha pela extinção dos arsenais nucleares, a redução progressiva dos arsenais de armas convencionais e tropas, a retirada de quaisquer tropas (de quaisquer países) presentes em países estrangeiros e a assinatura de tratados regionais e globais permanentes de não agressão entre as nações, renunciando essas à violência como forma de resolver conflitos. Aliás, como já pedido pela 1ª Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violencia (out. de 2009 a jan. de 2010).

Tais medidas liberariam recursos da ordem de centenas de bilhões de unidades monetárias (dólares, euros, reais, yuans, rublos, rúpias etc.), que seriam usadas para impulsionar a pesquisa científica a um patamar jamais imaginado pela humanidade. Não haveria limites, praticamente, para a Ciência, particularmente no que diz respeito a novas descobertas e avanços na área da Saúde, ou seja, destinadas a curar e prevenir doenças. Os seres humanos não teriam de ficar patinando em campanhas paliativas, brincando de fingir resolver problemas — ou de escamoteá-los.

Apesar de esse raciocínio poder surgir espontaneamente nas mentes daqueles que não estão completamente hipnotizados pela mídia e pelos memes das redes sociais — e também poder ser proposto pelos meios de informação socialmente responsáveis —, o que se vê é um repetitivo mascaramento de tragédias, seja sob o rótulo de uma alegada “imprevisibilidade”, da "carência de recursos", seja sob o rótulo da "impossibilidade" momentânea (ou permanente), ou seja, da intransponibilidade das condições objetivas! No entanto, os países parecem não se curvar a tais dificuldades quando se trata de solucionar o aparente problema de obter superioridade militar sobre os demais, para garantir vantagens geopolíticas! 

Por exemplo: ao mesmo tempo em que se reduz a atuações engraçadas (combinadas com doações paliativas) o esforço possível dos indivíduos para canalizar recursos destinados à pesquisa da cura de doenças, como a ELA, a epidemia de Ebola — vírus isolado na década de 1970! — na África está sendo tratada pela mídia quase como uma 'fatalidade', o que estimula sua percepção nas redes sociais pela mesma ótica. Isso é um tremendo absurdo! É como se, num mundo globalizado, a prevenção e contenção de pandemias não fosse de responsabilidade dos governos e respectivos organismos multilaterais, assim como a canalização de recursos destinados a pesquisar a cura de doenças, mas sim dos indivíduos!

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Fonte: Index Mundi

Anteontem, a âncora de um telejornal da tarde ficou "chocada" com a decapitação de um jornalista norte-americano , no Oriente Médio por supostos militantes islâmicos anti-estadunidenses; com razão. No entanto, logo depois não expressou o mesmo ‘choque’ ao falar de uma "zona de confinamento" de Ebola na favela West Point, em Monróvia, capital da Libéria, na qual estão isoladas 75 mil pessoas — a totalidade da população da península —, cercadas em alguns pontos por arame farpado e monitoradas por soldados armados que impedem sua saída da localidade.

 West Point Monróvia Libéria _resized_upConcomitantemente, o governo daquele país está praticamente de mãos atadas quanto à possibilidade de contenção da epidemia, por falta de recursos materiais e humanos, aliada ao baixo nível educacional da população afetada, agravado ainda por arraigadas crendices.

Tal "zona de confinamento" mostra a que ponto chegou a negligência internacional com a África: ao ponto de não terem sido destinados para lá nos últimos 40 anos — e desde sempre — ajuda e recursos suficientes para erradicar o vírus e evitar a presente epidemia, que já matou cerca de 1.350 pessoas e periga tornar-se incontrolável.

Esse quadro seria surpreendente para alguém que tivesse desconhecimento sobre a hipervalorização dos recursos naturais do continente africano, comparada à subvalorização de seus habitantes de etnia negra (exceto como mão-de-obra barata ou gratuita), confirmada por dados históricos relacionados ao que se conhece como neocolonialismo.

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Diante desse quadro, cabe a cada um de nós minimamente refletir se estamos exercendo pressão pelos meios ao nosso alcance para demandar a alocação dos recursos necessários nos cenários onde são requeridos, ou se estamos apenas servindo de massa de manobra de um sistema desumanizante e manipulador, que brinca com a vida humana, pautado unicamente por seus interesses econômicos.

Caso tenhamos estado presos à segunda hipótese, é necessária e útil uma correção de atitude. Sempre poderemos ser as próximas vítimas. Portanto, vamos exigir para o próximo o tratamento que gostaríamos de ter para nós mesmos.

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